25.7.06


Qual a finalidade do investimento na comunicação através do espaço virtual por parte do estado?

A meu ver, esta questão deveria consubstanciar 2 perspectivas:

1. Incrementar o relacionamento com o cidadão
2. Dinamizar o papel activo do estado na economia

Ora, são precisamente estas 2 perspectivas que não estão a acontecer factualmente, por estarem contrariados os princípios de boa comunicação. Estes horizontes estarão na nossa mira nos próximos artigos a exibir.

A) Qual o valor do investimento do estado no espaço virtual?
O resignado cidadão português desconhece e não se dá conta do investimento efectuado pelo estado português na comunicação efectuada nos inúmeros sites da Administração (Portais, sites das várias entidades, micro-sites, um rol de etc).

Pior é desconhecer quais os objectivos da orientação descrita pelo responsável que aprovou o site (normalmente estará no briefing de lhe dá origem), que levou à sua efectivação para tirar daí conclusões: a análise do custo-benefício.

Sabemos que está a ser gasto dinheiro(quanto?), com uma finalidade (por vezes obscura em função do que é mostrado) e que o número de iniciativas é enorme.

B) Qual a mais valia do investimento para o cidadão?
A mais evidente será/seria a da informação democratizada, de livre acesso e menos onerosa dos serviços públicos.
Propositadamente, evitei o termo gratuito pois esse é logo o grande erro e (des)engano dos Governantes.

Porém, em face dos resultados, acresce outra dúvida mais relevante e substancial, quer do ponto de vista da optimização dos recursos, quer do ponto de vista das mais valias para o cidadão: em face do resultado da "montra" da Loja do Estado, do qual somos simultaneamente patrões e "clientes", passámos a máquina burocrática física para o espaço virtual ou não? A meu ver, SIM! Simplificou e optimizou recursos? A meu ver, numa perspectiva de fundo, NÃO! O cidadão obteve efectivas mais valias qualitativas e quantitativas, simplificou a sua vida quotidiana sob o peso da burocracia? NÃO!

C) O Admastorsoft
Este cabo das tormentas pelo qual os Governantes nos querem fazer passar, qual intrépida viagem pelos descobrimentos do mundo virtual que inglóriamente tenta ganhar foro de causa nacional, pelo qual teremos que ser os melhores apesar do nível de iliteracia vigente entre a população portuguesa, revela outra realidade: o narcisismo pseudo-estratégico. Porquê?

Em 1º lugar, porque a máquina burocrática passou para o mundo virtual: o efeito do simplex passou-lhe ao lado. O cidadão dirige-se a um simples sítio na internet e daí vai a todas as "administrações públicas" em 3 clics? Tentem e vão ver o que vos espera...

Em 2º lugar, porque a máquina burocrática abocanhou mais uma fatia dissimulada do orçamento em comunicação de cada ministério. Senão vejamos: quanto custou mais, toda a construção de sites para o simplex, para a empresa on-line, etc., etc,...

Em 3º lugar, porque os simples princípios básicos de comunicação no espaço virtual não são seguidos, os objectivos do investimento não são conseguidos e nem os melhores exemplos de sites dos actuais amigos portugueses da Organização SOFT, podemos citar aqui o da stand up www.standup.org, são tidos como exemplos das melhores práticas. Lamentavelmente, antes fossem e teríamos já algo a ganhar...Inquestionável também é o valor dos muitos técnicos, da imaginação dos designers, enfim de tanta massa cinzenta que dá corpo a ideias dos poucos que decidem sem saber, tantas vezes, nem do que falam.

Em 4º lugar porque o cidadão ficou mais fácil e habilmente baralhado com a manipulação da informação e o estado não diminuiu o seu papel de intervenção na economia portuguesa, antes está a aumentar cada vez mais, dobrando ainda o que acontecia ao tempo de Salazar: se com colónias e continente, a intervenção do Estado na economia portuguesa se situava a níveis dos 40%, incluíndo as políticas de restrição industrial e mesmo comercial; hoje, apenas com o seu espaço do cantinho mágico da Europa, a intervenção do Estado situa-se aos níveis de 70% na economia nacional. O Estado virtual orientou de facto este investimento para melhorar a informação e optimizar recursos para os mecanismos de controlo? O tempo passa...

"Pois é, pois é, com Fertor é que ééééé": este delicioso anúncio da ovelhinha portuguesa, deixa perceber o substrato do fertilizante e do rasto de substrato fortificante da passagem dos nossos melhores anos de alimento e melhoria de qualidade de vida do cidadão português dirigido pela nata da política e da máquina burocrática.

D) O país dos anéis
Ficar na história de Portugal foi, é e será para muitos um feito de ousadia, determinação e coragem, saber e conhecimento, intrepidez e carácter, abnegação e altruismo, imaginação, inovação e visão, serviço ao próximo e solidariedade, entre tantas outras qualidades reconhecidas nos nossos antanhos e dos nossos antepassados.

Sempre fomos e somos um país de efeitos surpresa, ora especiais, ora ordinários (no sentido de comuns); umas vezes triunfantes pelos efeitos de repercussão nos casos de sucesso, ora rastejantes pela amargura, de língua afiada, debatendo extensa e exaustivamente efeitos sem conexão de causas que levem a introduzir medidas correctivas de modo a alcançar os objectivos, um rumo estratégico de vida para o país.

O tempo urge, já vai mais um meio mandato na República Portuguesa e o nosso Senhor dos Anéis debate-se exauridamente entre argumentos comunicativos ocos e vazios, sem orientação na acção e estratégia alguma para brilhar, discernimento táctico, atitude e vigor, afundando-se no meio dos saurions que lhe sugam o sangue até à inanição.

No seu processo catártico e de catarse, o povo português muito sabiamente percebeu e mitigou numa simples frase da sabedoria popular, aquilo que muitos não entendem ainda hoje nos softs aneis virtuais: "vão-se os anéis, ficam-se os dedos".

Acautelem-se senhores, pois é com os dedos que este povo sempre soube tocar guitarra e dedilhou os seus demandos...

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